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Fraga chama governador eleito do DF de ‘jumento’ em discurso na Câmara

Deputado criticou proposta de Ibaneis de acabar com Casa Militar. Deputado Laerte Bessa (PR) saiu em defesa do governador eleito e houve bate-boca entre os parlamentares.

Deputado Alberto Fraga (DEM) chama governador eleito do DF, Ibaneis (MDB), de 'jumento'

Em discurso na tribuna da Câmara dos Deputados, nesta segunda-feira (12), o deputado Alberto Fraga (DEM) chamou o governador eleito do Distrito Federal Ibaneis Rocha (MDB) de “jumento” (leia discurso abaixo). Segundo Fraga, Ibaneis teve uma “ideia de jerico” ao defender o fim da Casa Militar.

Fraga disse ainda que, se isso acontecer, os oficiais militares não irão para as ruas e terão de ser presos.

“Se ele insistir com essa ideia maluca de jumento, de extinguir a Casa Militar, ele pode preparar cadeia para todos os oficiais, porque ninguém vai para as ruas, ninguém vai trabalhar e vamos mergulhar o Distrito Federal num caos, numa insegurança pública jamais vista”, disse Fraga.

Mais cedo, após uma reunião com o Secretário de Patrimônio da União Sidrack Corrêa, Ibaneis afirmou que “esse negócio da Casa Militar acaba pesando muito sobre a população porque acaba tirando muitos profissionais dessa área”.

Segundo o governador eleito, parte dos militares voltaria para os postos de origem. No lugar da Casa Militar, Ibaneis quer criar o Gabinete de Segurança Institucional (GSI), órgão inédito na estrutura do governo do Distrito Federal.

A pasta vai abrigar o deputado federal Laerte Bessa (PR) que não conseguiu ser reeleito e que apoiou Ibaneis na campanha. Bessa é delegado aposentado e foi diretor da Polícia Civil no governo de Joaquim Roriz.

Laerte Bessa rebate discurso em que Alberto Fraga chama Ibaneis (MDB) de 'jumento'

Laerte Bessa rebate discurso em que Alberto Fraga chama Ibaneis (MDB) de ‘jumento’

Logo após o discurso de Fraga, Laerte Bessa ocupou a tribuna e rebateu o parlamentar.

G1 entrou em contato com o governador eleito. Ibaneis Rocha disse à reportagem que “Fraga está magoado porque perdeu as eleições”. Segundo Ibaneis, “ele [Fraga] tem que resolver os problemas com a Justiça e não comigo”.

“Espero que ele recobre o juízo, já prestou muito serviço aqui, já roubou muito e está magoado porque perdeu as eleições”, afirmou Ibaneis.

Bate-boca no Plenário

Depois do discurso de Bessa, Fraga – que também não terá mais mandato em 2019 porque disputou uma vaga de governador – pediu direito de resposta.

Foi quando os dois deputados iniciaram um bate-boca no Plenário. Houve empurra-empurra e os policiais legislativos tiveram que intervir.

Após acusações, Laerte Bessa (PR) e Alberto Fraga (DEM) entram em confronto na Câmara

Após acusações, Laerte Bessa (PR) e Alberto Fraga (DEM) entram em confronto na Câmara

Incitação à greve

G1 e a TV Globo perguntaram ao deputado Alberto Fraga se ele não estaria convocando os coronéis da PM a entrarem em greve quando disse “estou afirmando, que se ele [Ibaneis] insistir em acabar com a Casa Militar os oficiais da Polícia Militar não vão trabalhar, ou seja, vão reagir”.

Fraga disse que não estava incitando uma greve. “Estava dizendo que se ele insistir em extinguir a Casa Militar, a Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros vão ter de se manifestar. Ele tem que respeitar a Polícia Militar. Não vejo o que falei como crime e você sabe que existe imunidade na tribuna. Ela é investida de palavra e gestos. Você não comete crime na tribuna.”

Leia os discursos dos Deputados

Discurso do deputado Alberto Fraga (DEM)

“Sr. Presidente, eu queria que mandar um aviso para o Governador eleito do Distrito Federal, eleito e só Deus sabe com qual metodologia e quais os critérios que ele adotou. Ao longo dos anos, tenho certeza de que o povo de Brasília vai descobrir, porque a mentira tem perna curta e sabemos o que que vai acontecer.

Sou coronel da Polícia Militar, com muito orgulho — sou da reserva — e esses dias tomei conhecimento que o Governador eleito teve uma ideia de jerico dizendo que vai acabar com a Casa Militar. Quero dizer a esse Governador eleito que a Polícia Militar é uma instituição permanente. Governadores vão passar, a Instituição Polícia Militar vai permanecer.

Estou dizendo na tribuna da Câmara dos Deputados, estou afirmando, que se ele insistir em acabar com a Casa Militar os oficiais da Polícia Militar não vão trabalhar, ou seja, vão reagir. Se ele acha que ao criar um gabinete institucional acabando com a Casa Militar, tirando aquela proximidade que existe da Polícia Militar para com o Governador para atender aos apelos da Polícia Civil está muito equivocado, os oficiais não vão aceitar. Hoje, pela manhã, tivemos uma reunião e isso ficou muito claro.

Se ele insistir com essa ideia maluca de jumento, de extinguir a Casa Militar, ele pode preparar cadeia para todos os oficiais, porque ninguém vai para as ruas, ninguém vai trabalhar e vamos mergulhar o Distrito Federal num caos, numa insegurança pública jamais vista. Ele tem que respeitar a Polícia Militar. Se ele não quer respeitar, os oficiais vão ter que mostrá-lo como é que as coisas vão acontecer.

Não adianta ele ficar ouvindo conselhos de pessoas que não se elegeram, que não tiveram voto e agora querem extinguir uma instituição, como é a Casa Militar, tirando simplesmente um braço da nossa corporação. Não podemos aceitar esse tipo de atitude de um governador que certamente não terá o respeito da Polícia Militar.

Ele é tão imaturo na política que, talvez, não saiba o que representa uma instituição. Estou falando Polícia Militar, mas também quero me referir ao Corpo de Bombeiros Militar. Ele usar como parâmetro o GSI Federal. Ele tem que entender que o GSI não tem Secretaria de Segurança Pública e é comandado por militares.

Esse Ibaneis Rocha é tão jumento que acho que ele não sabe, não tem uma assessoria competente para lhe dizer que o que está tentando fazer não vai dar certo e a consequência será desastrosa. A Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros Militar não vão aceitar ter a Casa Militar suprimida para apenas dar lugar, dar alento a quem perdeu uma eleição e quer botar um civil para comandar as forças militares. Não vamos aceitar isso.”

Discurso do deputado Laerte Bessa (PR)

“Sr. Presidente, Srs. Deputados, há poucos minutos um Deputado Coronel da Polícia Militar do Distrito Federal usou esta tribuna para falar mal do futuro Governador do Distrito Federal, Sr. Ibaneis Rocha.

Aí, eu pergunto: quem é esse coronel? Qual é a moral que esse coronel tem para falar do futuro Governador de Brasília? Primeiro, o futuro Governador de Brasília foi eleito com mais de 1 milhão de votos, enquanto o coronel Deputado aqui do Distrito Federal que foi candidato a Governador teve pouco mais de 70 mil votos.

O Governador eleito do Distrito Federal é um dos homens mais íntegros que nós já tivemos na composição da política do Distrito Federal. Agora, vem esse Deputado coronel falar palavras de baixo calão do nosso futuro Governador.

Eu queria dizer para esse coronel Deputado que ele não tem moral nenhuma para falar de quem quer que seja. Sabe por quê? Porque foi condenado recentemente por corrupção. Corrupção para mim, no meu dicionário, é furto, é roubo. Corrupção e ladroagem é a mesma coisa.

Então, esse coronel Deputado subtraiu dinheiro, ele subtraiu dinheiro do nosso poder público, dos nossos cofres públicos, dinheiro da nossa Nação. Então, ele não tem moral nenhuma para falar do nosso futuro Governador.

Quero dizer mais a esse coronel. Eu não tenho voto, não, porque não sou ladrão. Em todas as eleições nas quais você foi eleito, foi eleito com dinheiro do seu partido, dinheiro que você roubou no tempo em que você foi Deputado.

Eu estou falando que você é ladrão porque já foi condenado. Como você quer ser Governador de Brasília, se você tem que passar a noite no presídio? Você foi condenado a mais de 4 anos. Você tem que trabalhar de dia e passar a noite no presídio. Como você quer governar Brasília dessa forma?

Então, seu coronel Deputado… É ex-Deputado, porque você está igual a mim. Eu não tenho voto mesmo, não, você falou certo. Eu não tenho voto, porque não sou político…”

(Desligamento automático do microfone)

“Presidente, eu quero mais tempo, porque ele falou mais de 5 minutos aqui. Então, eu não tenho voto. Sabe por que eu não tenho voto? Porque eu não sei mentir para o povo. Eu não sei mentir para o povo igual você mente.

Agora, eu sou homem e sou honesto. Fui delegado por 30 anos aqui em Brasília, fui Diretor da Polícia por 8 anos, fui Secretário de Segurança. Sou um homem honrado, não tenho condenação e não tenho nenhum processo que manche minha imagem como político, caso queira me chamar de político.

Então, eu queria dizer essas palavras, Sr. Presidente, porque fiquei indignado de um cidadão dessa qualificação vir aqui falar de uma pessoa digna como é o nosso futuro Governador Ibaneis. Muito obrigado, Sr. Presidente. E que ele venha rebater, porque eu estou…”

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